1/13/2009

A SEMENTE

Você percebe que são degenerados,
que havia uma semente que traziam consigo
e que não puderam não ser degenerados,
que não puderam querer.
Você percebe que vão desmoronando
feito pequenos castelos de areia
que as ondas solapam na praia.
Você percebe e você sabe que não pode fazer nada
e você é triste porque não pode fazer nada,
você que imagina ter podido querer.

Mas a semente está em você também
de algum modo,
mesmo que você imagine ter podido querer.
Está em você também a semente,
ainda que de outro modo.
Você que se imaginou liberto,
que imaginou ter escapado
do novelo de nós cegos.
Você talvez não saiba (ou finja não saber)
que a semente também cresce de outras formas.

A semente cresce em você também
de outra forma
e há uma seleção natural, você sabe,
e você está sozinho, muito sozinho,
frágil e vulnerável.
Inútil agarrar-se às palavras
como quem se agarra aos ramos tão delicados
que se debruçam sobre a correnteza.

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