1/13/2009

NO DIVÃ

Você me disse que as palavras me habitavam.
Talvez, convenhamos.
Julgo que se aproximaram de mim
cansadas
as palavras,
peregrinas em busca de abrigo
após longa jornada.
Julgo que se aproximaram
desterradas,
condenadas a uma diáspora,
batendo à porta de uma casa vazia,
abandonada.
Julgo que empurraram a porta,
apenas escorada,
e adentraram a casa deserta
onde buscaram descanso,
peregrinas extenuadas,
na casa silenciosa
onde não havia pão
nem água.

Você me disse que as palavras me habitavam.
Talvez, convenhamos.
Julgo que procuram descanso apenas,
andarilhas fatigadas,
numa casa vazia,
abandonada.
E chegam às vezes clandestinas,
fugindo da polícia,
para esconder-se da luz do dia
na casa vazia, abandonada,
à espera das trevas da noite
por onde seguem em fuga
dissimuladas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário