1/13/2009

NO LAPSO INFINITO DA AUSÊNCIA

- Apareça lá em casa,
Apareça mesmo, cara.

Não apareci, não fui lá.
Não sei se iria ainda hoje
se ele não tivesse ido embora.
Não sei se ele seria o que é hoje,
não sei se eu seria o que sou hoje,
se ele não tivesse ido embora.

Sei que está diferente, hoje.
(Não vê-lo me faz vê-lo assim,
cada dia que passa.)
E vê-lo diferente me faz diferente,
também,
como se ele me visse, também,
no lapso infinito da ausência,
e pudéssemos nos reconstruir
mutuamente.

No lapso infinito da ausência
hei de aparecer lá
onde nunca estive,
onde ele nunca me esperou.
E cerziremos em silêncio
os farrapos de nossas sombras.

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