1/13/2009

IRMÃO

Quando meu pai o mandou para longe,
ai, como ele chorou.
A noite inteira escutei o seu choro
no quarto ao lado.
E quando me enviou a fotografia
com a dedicatória,
já se tornavam mais altas as vozes
que o acompanhavam feito um sussurro.
Tornaram-se de repente tão altas
que perdia o prumo do silêncio.

E quando retomou,
dissemos que tinha uma mancha
no pulmão.
(A gente tinha que dizer alguma coisa
naquela cidadezinha.)
As vozes já tinham baixado
e eram apenas um sussurro
como antes.
Mas era como se o menino tivesse morrido.
No seu silêncio havia, agora, um espantalho
de rudeza e violência.

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