Maurício de Macedo
Elas viriam.
E haveriam de pousar,
descendo em círculos
com o clap-clap de suas asas
- penas líricas
manchadas de sangue
e terra.
Nas mãos abertas,
grãos de silêncio.
12/20/2012
9/19/2012
A máquina
Maurício de Macedo
No espaço sufocado,
regozijava-se o feitor
- o poder de dobrar
e perturbar
o outro,
o poder de adoecer
o outro.
"Manda quem pode,
obedece quem tem juízo".
A sentença feito marca
de ferro em brasa
no rosto.
A sentença como signo
da solidão.
Viver mês a mês
e negar os sentidos
para doer menos.
No silêncio,
feito animal ferido,
refugiava-se o Não.
"Quem não está comigo,
está contra mim",
o tempo chispava
nos olhos do feitor.
7/15/2012
8 de dezembro
Maurício de Macedo
Embaladas pelas ondas do mar,
rosas brancas descansavam na areia,
na manhã de Iemanjá.
O sagrado beijando o profano,
poesia brasileira de tantos ais,
salve Vinícius de Moraes.
Flor do outro lado do mar,
flor do banzo das naves,
salve Castro Alves.
A lâmina da faca do sol
cortando a pétala de cal,
salve João Cabral.
Dos pedaços de Orfeu
a vagar na espuma a rima,
salve Jorge de Lima.
Da rosa que é do povo
e da divindade,
salve Carlos Drummond de Andrade.
Da rosa que adormece na praia,
dama sem eira nem beira,
salve Manuel Bandeira.
Do que no mar se faz música,
lânguida flor,nobre ou reles,
salve Cecília Meirelles.
Flor que não passará
(passarinho),
o canto do mar não engana,
salve Mário Quintana.
Da língua que sobre a rosa
a canção do mar ressoa,
salve Fernando Pessoa.
Do areal do oceano imenso,
périplo de nossos corações,
salve Luís de Camões.
Embaladas pelas ondas do mar,
rosas brancas descansavam na areia
na manhã de Iemanjá.
5/18/2012
Bullying
Maurício de Macedo
Quando o menino entrou
na sala de aula,
a menina convocou
em voz alta,
Palmas pra ele,
minha gente,
Ele deu uma surra
no menino da outra sala.
A alcatéia reverenciava
o lobo-alfa.
E quando o menino chegou
mais tarde
na casa de luxo
onde morava,
a mãe falou com empáfia,
Se precisar bater de novo,
bata.
A elite lambia
e afagava
a cria.
Quando o menino entrou
na sala de aula,
a menina convocou
em voz alta,
Palmas pra ele,
minha gente,
Ele deu uma surra
no menino da outra sala.
A alcatéia reverenciava
o lobo-alfa.
E quando o menino chegou
mais tarde
na casa de luxo
onde morava,
a mãe falou com empáfia,
Se precisar bater de novo,
bata.
A elite lambia
e afagava
a cria.
1/31/2012
Herói
Maurício de Macedo
Porque o passado
é um salvo-conduto.
Porque o passado
lhe permite tudo
até mesmo aquilo
contra o qual lutou
no passado.
1/25/2012
Elis Regina
Maurício de Macedo
Depois de morta,
sua voz cresce,
sua palavra cresce,
sua canção cresce.
Depois de morta,
ergue-se a cidade
- Elis -
onde a melodia
se perpetua.
No céu da cidade
brilha uma estrela
- aquela
que depois de morta
se fez rainha,
Regina.
Depois de morta,
sua voz cresce,
sua palavra cresce,
sua canção cresce.
Depois de morta,
ergue-se a cidade
- Elis -
onde a melodia
se perpetua.
No céu da cidade
brilha uma estrela
- aquela
que depois de morta
se fez rainha,
Regina.
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