Maurício de Macedo
Somos monstros noturnos,
Medusas do trottoir,
quando o farol do automóvel
nos ilumina devagar.
São pais de família geralmente
que vêm nos procurar.
(Uma mulher com um plus
não é fácil de se encontrar.
A gente tem algo a mais
que a esposa não pode ofertar
quando eles deitam de bruços
e pedem pra gente montar.)
Tem pó ruim vez por outra,
mas tem crack com certeza.
Somos o refugo do refugo.
Somos a borra da pobreza.
Na carteira de identidade
quando a gente volta cansada
a foto do menino delicado
que um dia morreu de pancada.
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