6/30/2021

Pés descalços, braços nus

Maurício de Macedo

Entro na casa que já não existe.
Tento dizer-lhes que há tempo
ainda.
Não me veem nem me escutam.
Só o menino me vê e me escuta.
Mas não dá importância
 - já sabia de tudo.
Prefere correr
 - pés descalços, braços nus.
Ainda que não exista
nenhuma borboleta azul.

Já sabia de tudo.
(Minha palavra não ia trazer
nenhuma borboleta azul.)
Prefere correr 
- pés descalços, braços nus,
olhos siderados
pelo Cruzeiro do Sul.

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