6/30/2021

Eric

Maurício de Macedo

De uns tempos pra cá
ele a ouvia dizer
dormindo ao seu lado
-Eric, meu fofinho,
venha cá, venha cá...
Decidiu não perguntar,
no entanto,
quem era o tal de Eric.
(Ela iria mentir provavelmente.)
Mais cedo ou mais tarde
ele iria descobrir.
E vasculhava às escondidas
no celular dela,
chegava em casa mais cedo,
vez por outra,
contratou um detetive
para segui-la...
Nada.
Até que um dia, furioso,
dominado pelo ciúme,
ele a sufocou com o travesseiro.

Quando a empregada da casa
foi visitá-lo na prisão
comentou ingênua
- O Eric, aquele gato da rua,
ainda aparece por lá
de vez em quando
miando
atrás de um pires de leite.

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