7/01/2021

Banho de sol

Maurício de Macedo

De vez em quando
ela se esconde
num canto qualquer
do apartamento.
Procuro nos cômodos,
chamo por seu nome.
Nenhuma sombra,
nenhum ruído,
nenhum sinal.
(Parece que ela gosta
de me ver agoniado.)

Aparece depois 
- quando menos espero -
com um sorriso de Mona Lisa.
A manhã está radiosa.
O mar está claro.
Esqueço que me fez sofrer.
Estendo-lhe a mão e a convido
pra tomar banho de sol.

Caminharemos em silêncio
na praia.
A luz e o murmúrio das ondas
acordando mistérios no ouvido.

Ela também se esconde
caminhando a meu lado na praia.
Mas só para os outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário