Maurício de Macedo
Hoje eu vi Jesus
- jovem franzino, mulato,
miserável,
apanhando dos policiais.
Hoje eu vi Jesus
- assustado, tremendo,
pedindo Pelo amor de Deus,
autoridade!
Pelo amor de Deus!
Hoje eu vi.
Da janela do apartamento,
me indignei,
mas não fiz nada
- não desci,
não me insurgi
contra a violência covarde
dos policiais,
não denunciei.
Os policiais bateram,
chamaram de ladrão,
de filho da puta.
O jovem franzino,
mulato, miserável
tremeu apavorado
Pelo amor de Deus,
autoridade!
Pelo amor de Deus!
Eu vi.
Eu ouvi.
Me indignei,
mas não fiz nada.
O jovem era miserável,
mulato...
Talvez fosse muito
me indignar.
Talvez me indignar
tenha sido
a única maneira de ver Jesus.
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