Maurício de Macedo
O sol gritando o seu grito de sangue
anunciando a manhã
As pegadas na areia
que o leque de espumas vem apagar
O mistério soprando na brisa
E esse lembrar pelo avesso,
esse deslembrar
Ah, deixai-me, Drummond,
ser fazendeiro do mar
A cabeleira da musa
agitando-se no sargaço
A orelha do tempo
auscultando no búzio
A taça do silêncio
erguendo-se no coral
Os cavalos desembestados
nos vagalhões contra o arrecife
- são versos seus cavaleiros
gemendo no ar
Ah, deixai-me, Drummond,
ser fazendeiro do mar
É palavra o peixinho
mordiscando o peito do nadador
E o movimento dos braços
marcando o compasso na água,
puxando a canção devagar
Ah, deixai-me, Drummond,
ser fazendeiro do mar
É o vai-e-vem das ondas
onde a memória vem descansar
E as pegadas na areia
que o leque de espumas vem apagar
Ah, deixai-me, Drummond,
ser fazendeiro do mar
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