1/02/2009

A MENINA DE ILLINOIS

Tínhamos dezessete anos.
("On n'est pas sérieux", diria Rimbaud.)
Um menino provinciano e solitário
e uma menina linda de Illinois,
olhos tão azuis.

Nada mais do que uma dança lenta
num clube da cidade,
o corpo junto ao corpo,
o rosto junto ao rosto.
E a carne tão sublime que tremia
e a canção em mim do que se dizia amor.

Durou algum tempo a ilusão do menino
provinciano e solitário,
mesmo quando a menina voltou para sua terra
tão distante.
E apesar da Guerra do Vietnã,
os Estados Unidos teriam para mim
o rosto daquela menina tão linda,
de olhos azuis.

Depois veio a tempestade
que me revelou esfinge encoberta sob a areia.
Mas a América do Norte que passei a amar,
a América de Faulkner e de Whitman,
do blues e do jazz,
de Bernstein e Gershwin
teria o rosto tão lindo da menina de Illinois.

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