1/02/2009

LUZ

Luz do verão na água,
luz penetrando na água até o fundo,
verde translúcido,
mar em que me reconheço.

Água da memória
dançando entre as mãos,
beijando os olhos,
conduzindo sombras
por sobre as fortalezas submersas,
subitamente alumbradas.

Memória da água
tépida
lambendo o peito, os braços,
deixando-se abrir em fendas de silêncio.

Verde translúcido,
vibrações de luz e água
no repertório da metáfora.
Corrente translúcida
conduzindo os corpos lânguidos
das palavras adormecidas,
cabeleiras verdes das palavras-sereias sonolentas
aflorando.
Palavras-sereias emergindo,
emergindo,
desgrudando-se dos corais,
subindo pelas réstias de luz
com suas cabeleiras verdes de algas.

Mar em que me reconheço.
Sol e água, sol e água,
translúcido.
Verde, verde.
Verde que te quero verde.
Verde beijo luminoso de Lorca
na garganta.

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